domingo, 28 de dezembro de 2008

Da Vida...

E ser quando não ser... sendo...
- Você viu a abertura das corolas ontem nos prados caminhados?
- Estava morto eu ontem, um defunto esperando o cortejo, os girassóis me deixam tristes!
Um homem parou frente a vida e lá ficou até o fim, e o fim não acompanhou... A história de todos nós sempre pela metade, nunca o desfecho, as cortinas quem solta são os outros... e o que ficará?
- Estava frio ontem, resolvi fazer um chá de maça com canela, cobri-me com um cobertor quentinho frente à lareira de pedra... O chá na xícara de porcelana herdado de minha avó... uma linda toalha de linho bordada com esmero paciencioso pelas frágeis mãos do passado de mim... Hoje tudo é mais saudoso e vivo disto e daquilo que me forma, das cores da lua, das cores do jardim, das incolores das estações, da paisagem...
- Eu não queria ter dito o que disse, mas já que disse...
(lágrimas escorregam – um senhor sentado em sua macia cama segura uma fotografia borrada pelo tempo – a borrasca começou...)
- Lá no alto da montanha, uma casinha espera seu dono; ele chega a pé, segurando 84 velhos calendários...
(uma pétala flana nos ares e é levada ao mar que se abre frente aos meus olhos em lágrimas)
- Tomemos café, comamos bolo, aplaudamos a vida, sucumbamo-nos a vida!
Um garotinho senta-se no banco de uma praça, segura um balão, e nada vê na vida...
Um senhorzinho senta-se no banco de uma praça, ao lado de um garotinho; observa o garoto, o balão e chora – ele viu a vida...

Gustavo Pilizari

Colaboradores