quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Império das Marcas

Vídeo de minha autoria, que tem como objetivo traçar um panorama do Império das Marcas, e do comportamente das pessoas`quando em contato com a fantasmagoria das mercadorias.
Johnny J.


http://www.youtube.com/watch?v=WK-q2x9yyhM

Gilda de Mello e Souza

Gilda de Mello e Souza analisa o filme de Luchino Visconti, "Violência e Paixão".
Pelo escasso material da escritora Gilda, disponível na internet, resolvi postar essa entrevista, que espero que possam apreciar.
Com grande entusiasmo,
johnny

http://www.youtube.com/watch?v=V7DS8ef__tI

sábado, 18 de julho de 2009

Uma estranha situação...

Por Gustavo Pilizari



- Quer fazes aqui?
- Não sei...
- Também não!
- Prefiro não pensar no caso...
- Ninguém pediu minha opinião!
- Nem a minha...
- Não lhe é estranho?
- SIM!
- Não consigo compreender as coisas...
- Nem eu...
- De vez em quando vejo pessoas transportando caixotes pretos fechados rumo a um lugar que sempre ouço coisas estranhas a respeito...
- É, também já presenciei pessoas a andar de passos leves por entre as ruas, desfilando com carros escuros e trajes negros, acompanhando um caixote, rumo aquele lugar que ninguém gosta de falar...
- Percorrem ruas, desfilam com este caixote. Do que será preenchido tal caixa?
- Nunca perguntei... as pessoas simplesmente choram ao lado do caixote e preferem sempre não comentar, e dizem de forma ríspida que tal pergunta é idiota. Nunca me respondem e eu começo a me preocupar com tal situação!
- Outro dia disseram que levavam o corpo de alguém!
- Por que alguém levaria o corpo do outro? Ele não tinha pernas?
- Fiquei chocado com tal cochicho entre senhoras de preto...
- Também sempre fico...
- São estranhos. Sempre de preto, chapéus, óculos escuros, carros longos pretos e um caixote preto...
- Acho que querem esconder algo de nós!
- Sempre tive este pressentimento!
- Já percebeu o murmúrio das vozes do desfile?
- SIM, é baixinho... não sei o que dizem... fico sempre muito curioso...
- E aquele lugar? Sabe algo a respeito?
- Algumas coisas... outro dia vi que jogaram aquele caixote dentro de um buraco grande, no gramado. As pessoas choravam muito com aquela situação! Por que as pessoas chorariam tanto por jogar fora um caixote? E por que usariam padrões de roupa, carro, canto e tudo o mais quando desta situação? E porque esta rotina em enterrar caixotes pretos? NÃO entendo!
- Dizem que enterram pessoas lá... Por que se enterrariam pessoas? Será que brincam de algo? Como será que funciona isto?
- Também não sei!
- Há algo de muito estranho nestas pessoas que passam por aqui!
- Verdade!
- É melhor voltarmos...
- Sim!
- Podem começar a nos questionar...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Não quero um epitáfio...

Por Gustavo Pilizari
e-mail: agostode1984@gmail.com




“Eu não me arrependo de nada... Fiz tudo que deveria ter feito... Aproveitei bem a vida... Já posso morrer...”



Senhoras e Senhores, membros do Júri!
Queiram ouvir a verdade, nunca dita, temida e escondida!

Jamais aproveitaremos a vida o suficiente, para que dela não tenhamos saudades e não venhamos a sentir sua falta!
Sendo nosso maior bem, cabe a nós lutarmos para a eternidade, quando nada mais basta, nada adianta, tudo em vão!

Nunca teremos aproveitado a vida a ponto de trasbordá-la em excesso. Jamais!
É sempre ridículo o nosso prazo de validade na terra, é sempre ridículo!
Ouçam-me bem!
E na verdade, não escolhemos nada, e não nos dão nada, tirando-nos de cena de forma fugaz, sem nossa própria autorização.


Senhoras e Senhores que aqui jazem:
Queiram recolher as lágrimas...
Queiram dizer um basta à morte...
Queiram profanar contra esta maldição que nos rodei, espreita-nos de forma repugnante!

Libertai-nos do mal...

Amém...

domingo, 1 de março de 2009

Primeiro capítulo do drama humano...

Por Gustavo Pilizari


Pode parecer estranho eu agora começar a falar sobre isto de forma tão normal, como se parecesse a coisa mais habitual de se ver neste mundo.
Sinto que algo acontece entre os rostos de serenoso desespero em que me deparo nas ruas das cidades.
Todos de olhares cabisbaixos revoltados com suas vidas, suas amizades, suas famílias, suas emoções e crenças e sexos.
Estou muito preocupado com os passos da nossa sociedade! Muito mesmo...
Todas em fila construindo a ruína de suas vidas, apenas passando por um prazo de validade esgotável como qualquer um dos produtos em prateleiras belíssimas de supermercados, como se a vida fosse um objeto de compra desmedidamente ínfimo.
Sem diálogos caminhamos ao fim de uma era, de uma evolução.
E eu percebo que estamos fracassando na nossa jornada que começamos numa poça barrenta bilhões de anos...
E dou-me conta que estamos involuindo, voltando de onde viemos com o propósito de que a evolução é crítica e errada...
E percebo que tudo está errado na cabeça de nossas gentes, apenas esperando a hora passar, sem nada a fazer de produtivo para a nossa espécie.
E escuto de outros o gosto desenfreado pelo não provado.
De fé não vivo, vivo por mim, e só de mim dependo e de todos sou feito e de um viemos.
Não me venha testemunhar sobre àquilo que não vejo. Não me venha mostra àquilo que fascina e é fanatizado...
Sou uma poça de átomos... e só!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

São Paulo





Olá queridos Leitores, postarei aqui a primeira parte do meu texto sobre São Paulo.
Espero que gostem.

Johnny D.



>Uma explicação desnecessária
Acho que muitos textos já cansaram o assunto. Não acrescento muita coisa às suas referências e inferências, sábio leitor. Contudo, afirmo o valor de meu escrito justamente no que lhe cabe, qual seja, ser o meu ponto de vista sobre São Paulo. Reafirmo o valor do escrito ao propor a ti, fiel leitor, que caso não te agrade, pago-te com um piparote e até breve.
Deveras minto, porque nunca escrevi um texto tão ousado, e se o faço agora é por um motivo que é mistério inclusive para mim.
Talvez o papel de meus escritos, quando dobrados algumas vezes, ouse ocupar a função de sustentar uma mesa, que de banda, já não se agüenta mais.
Quero que me desculpe os frágeis, se os causar algum transtorno somático.
Caso caiba alguma verdadeira qualidade ao exposto abaixo, que insisto em chamar de texto, seria justamente aquela, que sendo vertente contemporânea, preza-se por um trajeto contrário ao romantismo, ao expor o lado sujo de cada coisa, como numa pintura, onde se mostra os corpos com seus defeitos.
Chego a pensar que este meu escrito é como um mictório de Duchamp, mas diria, ao contrário dele - Isso não é um mictório.
Johnny D.

- Metrô
Um barulho estranho, um sonho na realidade
Como bichos sedentos, jogam-se sobre o ferro, destinado às suas mãos, e ocupando insanamente o lugar que lhe cabe naquele recanto.
Mistura de violência velada e necessidade de chegar.
Cada olhar, uma mistura estranha de querer identificar, sem tempo de fazê-lo.
O apito do metrô parece que anuncia a realidade a ser pisada.
No meio fio, entre a porta de entrada, sendo a mesma de saída, um espera o apito, para correr, e o que se encontra atrás deste um, espera que ele corra, para que a porta liberada seja também a pronúncia da ida – confusão em minha escrita, deriva da oclusão do que se mostra.
Ah, digno leitor, tudo esta depressa.
Aproveitam, a cada estação, para deliciarem-se no que chamo de sonho instantâneo – rápido, uma sesta truncada, esquisita, necessária.
O barulho do andar do metrô – ferro no ferro, faísca, grito prolongado, subindo uma oitava, descendo meia oitava – titubeando cá e lá.
A cada estação, um nome a descobrir, pessoas, e tantos chapeleiros malucos, como os de ‘’Alice no país das maravilhas’’.
Mentira, leitor! Já não se pode descansar no metrô, há muitas televisões em cada vagão, todas dando notícias.
Plim-Plim-Puf!

- Violência.
Vi uma lista de mortos. Abaixo da lista tinha um link devidamente disposto, anúncio de coroa de flores.
João M. C, morto com 13 tiros pela polícia do Rio.
Maria. A. S, morta por um bandido quando saia de casa.
Adriano. S. A, policial, morto com 5 tiros na cabeça, por uma quadrilha.
Rafael P. T. S, estuprou a mãe e degolou a empregada.
Flávio S. B, homossexual, morto e esquartejado, por 3 universitários.
Gabriel M. B, morto em trote no primeiro dia de aula. Gabriel queria ser médico.
Clarice. M. R, vítima de bala perdida.
João B. P, morto, picado em pedaços, e queimado no quintal de sua casa. O agressor? Sua própria mulher.

Até quando vamos ouvir tais relatos?
Este é o museu dos mortos, sendo o último epitáfio o grito da dor ‘’pré-morte’’.
Não adianta pedir amor ao algoz, ele não te ama.
Até quando escolheremos as nossas vítimas, para asfixiá-las, esquartejá-las, queimá-las?
No tempo de cerca de 200.000 mortos por dia, o caixão ficou caro, e prestar os últimos serviços aos mortos é lema de dignidade.
Leitor, caso queira, eu passo o site que vende a coroa de flores.

- Rua Augusta.
* Adendo para os que queiram pular esta parte
Leitor, pode pular este meu parecer sobre a rua Augusta.
Melhor! Eu imploro para que pule.Não quero que veja o que escrevo.
Vai, eu sei, você vai ler.
Vai!
Leia e fale que por fim não deveria ter lido.
Um dia Clarice Lispector em sua obra, “Via crucis do corpo”, resolveu por falar de homossexuais, dos bêbados, de sexo...
Clarice foi punida, quem dirá eu.
Ai de mim! Ai de mim!

Tudo é colorido na rua Augusta.
Rua Augusta é pura novidade.
Num canto direito um sofá em forma de boca gigante. Sentado nele uma linda mulher, com cílios postiços e um olhar de convite.
Tem farmácia, bares e gritos.
Tem um ótimo café, numa galeria requintada.
Pela noite, já bêbado, passo e sou convidado para adentrar a casa de show.
Quem me convida? Um segurança na porta, dizendo que lá encontrarei cerveja e ‘’sexo gostoso’’.
Homens se beijam, mulheres se agarram, homens beijam mulheres, mulheres agarram homens.
A rua Augusta tem extensão, é tanta canto revelando charme e tensão.
Cor azul, rosa, anil.
Há quem fale de livros, outros discutem Mozart e Gregório de Matos.
E por falar em Gregório de Matos, você já leu algum livro dele, leitor?
Rua augusta é como o pedido que Gregório faz a deus, quando sente o pecado. Diz Gregório para deus que sabe que pecou, mas, que, por favor, o deixe pecar mais um pouquinho.
Não só de sexo vive qualquer pessoa.
Promiscuidade não pertence a nenhuma opção sexual, isso porque, não existem opções sexuais.
Opção parece com um acordo, no qual os interessados sentam-se à mesa e decidem que querem ser isso ou aquilo.
Na sexualidade não há opções.
O diferente um dia será entendido.
Por enquanto, fiquemos com a rua Augusta, e com os seus homossexuais e heterossexuais. Ouvindo gritos, risadas, e sempre o olhar chamativo das mulheres, sendo algumas delas devidamente pagas.
Alguns chamam este descrito pedaço da Rua Augusta, o lado podre. Desculpe se concorda fiel leitor, mas gosto deste pedaço da Augusta, e também sei que um dia nos esbarraremos por lá.
Rua Augusta é paradoxal, ao passo que é globalizada.É cenário dos pequenos grupos que se formam - uma defesa, um distorcer – ,estamos diante da perda da identidade, buscada a custo de cabelo liso, roupas pretas, pircing, tatuagens, lápis nos olhos...
Por fim, a rua do tudo pode, talvez não possamos tanto assim, quando a decisão é por não colocar etiqueta em tudo. Você entende, não é Drummond?

[...] Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Drummond



- 25 de Março.
Tudo é engraçado por lá.
Tem um sapinho que pula, e é isqueiro
Tem uma pequena aranha, que é abridor de cerveja.
Tem um negócio que quando soprado dá um som terrível, insuportável mesmo.
E grita um no meu ouvido, e o outro também.
Ouço senhor compra aqui e ali.
Big bang das mercadorias, por toda parte, em todos os cantos.
A tensão é o principal ingrediente, porque de repente cada qual saca de sua mercadoria e começa a correria.
Cai brinquedo. A madame chick que comprava, sem saber o que fazer, larga a sua bolsa importada. E cego que até então não via, dana a ver, e principalmente a correr. Os de muleta as largam no canto, e bota os dois bons pés na estrada, não esquecendo o dinheiro arrecadado.
A 25 me lembra Benjamin. Isso mesmo, leitor de memória curta. Ou melhor, não! Não estou me referindo a Benjamin Button, e sim ao Walter Benjamin.
Walter Benjamin escreveu um famoso texto, ‘’ A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica’’, onde, como diz o título, trata da reprodutibilidade. E nesse caso, a 25 me faz pensar em como Benjamin ficaria assustado em ver que hoje é possível achar Mona Lisa atém em papel de balas.

Museu da Língua Portuguesa.

O jogo lingüístico.

Tudo em clarão, palavra que vem do tupi, mistura aqui com o alemão, ajunta com o holandês, migra com o prefixo grego, e destina-se ao ajuntar-se com o sufixo latino.
Museu da Língua: falada, corrida, língua esquisita do povo, língua linda do povo. Parece melodia, muda com o clima, um lá vira dó e um fá lá é sustenido. Passa o Rio Grande , São Paulo, Minas e o barroco
Eu posso tudo no museu. Bato na palavra – e junto, colo, abuso, pego uma PNEUMOULTRAMICROSCÓPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO da lava da palavra vulcão.
ponto de exclamação, interrogação...
eu vejo Rosa, Lispector toma café. Baleia sonha com as preás.
ramos, Graciliano, guimarães.
abro os olhos, reviro, remexo, translúcido objeto que é a palavra.
dor tem gosto amargo, quando ouso lamber suas entranhas.
museu da língua portuguesa de drummond...

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
(...)


a palavra cai nas paredes .a palavra nasce do chão. Rego a Palavra. crio, creio, crivo, clave, cromátide, cromatina, creolina, creme, crepe, coisa...
palavra-mundo, pentera fundo no mundo que é palavra penetra sem vírgula sem cabo sem medo penetra o travessão.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
palavra que caí como água no chão seco do sertão do todo do mundo do lugar comu-nenhum.
Não eixste msuseu da lgingua e sim msuseu de tdodas as lginguas.Com a lgingua eu psosso tudo.

e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
"Trouxeste a chave?"
(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

ESCOLHA...

Por Gustavo Pilizari




(num beco entre paredes descascadas e altas chove. Duas pessoas em trajes pretos seguram dois guarda-chuvas pretos e conversam:)

-- Quanto tempo eu tenho?
-- 789 mil horas – 90 anos, para ser mais exato...
(um sussurro trêmulo...)
-- E o que eu faço?
-- Qualquer coisa – você é livre!

(num beco entre paredes descascadas manchadas de sangue e altas chove... Uma pessoa em traje preto segura dois guarda-chuvas e não conversa...)

domingo, 25 de janeiro de 2009

DESPEDIDAS...



(Nevava muito)
-- Tomei a sopa – estava fria por sinal...
(Flocos densos juntavam-se nos cantos inferiores das janelas de madeira)
-- Já lhe disse que tenho de ir?
-- Ainda não...
-- É tarde, muito tarde...
(Neva lá fora – desde ontem a noite enquanto tomávamos chá de amoras sentados a mesa)
-- Chega um dia em que todos nós devemos chorar...
(Tudo é lembrado)
-- Resolvi que esta é a hora de fechar a caixinha com tudo que tenho de nós e tudo do que ficou de nós; num outro momento abrirei já longe de ti. Não quero que veja minhas lágrimas; ninguém deve compartilhar lágrimas!
-- Devemos morrer todos os dias...
-- E renascer todos os dias...
-- Nada me é mais estranho que o ser humano...
(A neve continua lá fora. Uma casinha distante joga baforadas de fumaça pela sua chaminé. Alguém deve estar preparando um chazinho para alguém. Todos quentinhos, reunidos envolta de uma confortável mesa, num lugar longe de tudo, escondido entre árvores secas, decoradas com a neve)
-- Você não vê que estamos perdendo a vida? Não vê que estamos nos esgotando? Nada disso lhe é estranho?
-- E tudo é um olhar de eterna despedida - eu já sabia...
(Inverno)
-- Nada vale a pena, resistir é idiotice, os caminhos entrecruzam-se em um. Todos se reconhecem na morte...
-- A vida só foi uma lacuna indesejada... Voltarei da onde vim...
(O vento sopra, a neve se espalha)
-- Não mais retornarei – Adeus...
(Nevava bastante lá fora)


Por Gustavo Pilizari

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Solidão da Névoa




E só, servi-me da névoa envolta à pálida pele...
E fiz da bruma minha pele...
Nú, caminhei ao encontro do mar...
Deitado em pedras, respirei a vida...
Senti a molhada terra salgada, a cheiro de embarcação de peixe largada...
E ali fiquei...
E das farfalhadas dos galhos, chorei...

domingo, 4 de janeiro de 2009

sábado, 3 de janeiro de 2009

Entre a compra de ilusões e a realidade que o corrói.

Johnny Dias

Universidade Federal de Ouro Preto.
Instituto de Filosofia, Artes e Cultura.

Eu realmente não entendo. É indignado que começo esta escrita, e o leitor me entenderá ao final, ou melhor, terá uma segunda opção também, aquela que delicadamente chamamos de discordar.
Cheguei com o meu carro, um destes populares, inclusive a sua cor é popular, cinza. Na porta do shopping fui recebido por aquela voz computadorizada, daquelas magnéticas e intrusas máquinas que ‘’gospem’’ o papel do estacionamento.
Entrei. Hoje, muito distante do pagamento, vi várias pessoas, o suficiente para os carros destas ocuparem os três patamares destinados ao estacionamento. Passado uns 20 minutos consigo estacionar, com certo aperto, o meu carro.
Sigo. Subo pelas duas consecutivas escadas rolantes. Não se enganem, leitores, mesmo porque as duas escadas foram colocadas do lado de fora, e passo por elas para poder entrar no shopping.
Consigo. Estou dentro do recinto devidamente poluído visualmente. Sim, subo mais uma escada, até, enfim pode ver as marcadas queridas por todos.
Resolvo. Tenho que tomar algo. Boa, um sorvete seria bastante interessante.
Caminho em direção ao Mac Donald’s, e fico dividido entre pedir um sorvete com ou sem gordura trans. Esqueci, eles não tem o sem gordura trans.
Sinceramente, não entendo que uma marca tão boa, como a rede Mac Donald’s não tenha um sorvete com 0% de gordura trans – esta na moda.
Aceito o rico em gorduras, o que no fundo dá um sabor, mesmo porque eles estão preocupados com um cliente tão presente como eu.
Resolvo, por fim, andar tomando o sorvete.
Uma senhora, sentada com uma linda blusa escrita em inglês ‘’ beach’’, observa-me com certo desprezo.
Eu a olho, e por fim ela desvia os seus olhos oblíquos.
Trago novidades. Agora os corredores têm nomes. No que estou agora, por exemplo, encontramos o lindo nome de Walter Benjamin.
Vamos ao ponto, o que me trouxe aqui foi uma promoção. A possibilidade de trocar meu celular gratuitamente bastava vir e pegar, para tanto, segundo o atendente, eu teria que apenas mudar o meu plano de $19,90 para o de $ 40,00. Uma boba mudança. Eu a fiz.
Claro, também sei, sai ganhando. Para você ter uma idéia, caro leitor, o meu celular antigo não tinha câmera digital e nem MP3. Já agora, tenho tudo, na palma da mão. Incrível.
Continuei pelo corredor Benjamin, até me deparar com uma bela livraria. Devo dizer que além de bela, a livraria virou ponto de encontro. É de costume me reunir aqui depois do trabalho, para conversar sobre mulher e futebol.
Lembrei, na hora, e para minha sorte, que me filho pedira um livro.
Pego na mão Paulo Coelho. Sinceramente leitor, eu não consigo comprar isso para o meu filho. Contudo, logo ao lado tem um que desvenda os mistérios da pedra filosofal, numa magia e obscurantismo magníficos. Tem, ainda, muita fantasia. Criança precisa de fantasia. Sou um fiel escudeiro da Disney, por isso.
Bom passeio. Agora: casa!
Como é bom “a gente ficar na casa da gente” – o nosso velho e belo recanto.
Devo confessar que a falta de família tem me machucado um pouco.
Separei de minha mulher faz 3 meses, e meus filhos partiram com a mãe.
Sei lá, mas eu vou te confessar um fato, leitor desconhecido, a solidão é uma companheira bastante larga.
Termino comendo comida japonesa, como Woody Allen. É verdade leitor, li uma entrevista na qual Allen dizia que o sucesso não muda nada. Para tanto ele dá um exemplo, onde, quando estava no auge, de nada adiantava saber que todos falavam dele e viam os seus filmes, mesmo porque a menina da frente de seu apartamento não quis sair com ele, e no fim ficou como eu, terminou comendo da sua caixinha japonesa.
Senhor, por favor, insira o cartão na máquina. O shopping agradece a sua visita.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

ANA

Ana.
Ana, é impossível voltar.
Esta tua vontade, sim: insana!
Ah, Ana,
já teve a audácia de violar o arame farpado,
aquele que diz: não passe, não rale.
Tantas vezes Ana, cavucou a terra na procura
profana do diabo, a quem daria a mão.
Fez os ovos cairem no bonde,
como quem quebra almas frágeis.
A culpa é sua.
Quis amar irmão,
quis ter pacto,
quis ser o que nunca foi.
Profana!
Você é o dêmonio,
peste que prova barata.
Não Ana, estou errado,
você queria mesmo é a alma do outro,
quer plasma,
você é gata comungando a placenta,
é cadela no cio.
Ana, por quê?
Não faça isso.
Poderia amar teu irmão.
Poderia ocupar a cadeira da mesa,
aqui de casa.
Mas, não!
Você quer o errado.
O câncer na pele.
O solo infértil.
Outra?
Outra como ti.
Outra contigo?
Como outra?
Seus lábios vermelhos.
Intenso.
Contudo, quer violar o útero.
Não aceito seu modo de ser.
Carrega uma Lispector em seu ser.
É isso,
Eu não deveria te deixar ler esta mulher,
desde então quis beijar o proibido.
É o proibido.
Você enfrentou a bíblia.
Herege.
Fogonão te queima, Ana.
Seu Homoerostismo vulgar,
Cruel.
Cravou em mim, o quê?
Gota d`água.
Voce veio para ser: separação.
Não quer regra.
Um dia... perde o que tem ganhado.
O pior de tudo
é ter coragem , Ana.

Colaboradores